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fico suspenso na expectativa

de um pensamento que rasgue o tempo

e me traduza o sonho das árvores



sexta-feira, 27 de agosto de 2010

NOME SEM LETRAS

Vogando pelas rugas dos dias
encontro ligações enredadas
nas miríades de palavras
proferidas
sem intuitos sentidos

Num quotidiano flácido
de clonadas rotinas
o futuro liberta-se em sombras
que se esfumam
sem marcas vividas

Escoando as memórias de mim
em cúbiculos amarfanhados
renego as imagens sonhadas
como pragas de inquietação

Profiro o teu nome sem letras
numa fuga interiorizada
da loucura que tu foste
na minh’alma martirizada


JCE 08/2010

MIRAGEM

Ouço ao longe
um lamento prolongado
que transporta todas as memórias
de futuros imaginados,
vislumbrados,
sem substância
nem certezas

Ouço ao longe
as palavras lançadas
com a fúria de uma tempestade
sem dó nem comiseração
penetrantes e sibilantes
como adagas de fogo gelado

Olho em frente e vejo
a serenidade
de dias que se avizinham
sem quiméricas promessas
de paraísos irreais

Ouço ao longe
uma miragem
destruída ...


JCE 07/2010

LEIO-ME NAS TUAS PALAVRAS

Leio as tuas palavras.
Absorvido nos sentidos que por lá abundam
Viajo pelo teu íntimo
Desvendado pela tua inspiração
Desnudado pela tua emoção

Leio as tuas palavras.
Escritas em tons suaves
Perfumadas pela poesia
Depositada gota a gota
No silêncio de quem te lê

Leio as tuas palavras.
Escritas pelos lábios que me sussurram
Numa canção que inventas no momento
E se espalha melodiosamente no meu ser
Qual poema bailando na tua fala

Leio as tuas palavras.
Num frenesim de memórias soltas
Numa torrente de estações passadas
Num enxerto de momentos vividos
Em doce e fugaz recordação

Leio-me nas tuas palavras
Ao falares do sentir que é teu
Transmutado num sentir que é meu


Leio-me nas tuas palavras
Com saudades do futuro que elas encerram
Na promessa de um passado por libertar


JCE 03/2010