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fico suspenso na expectativa

de um pensamento que rasgue o tempo

e me traduza o sonho das árvores



terça-feira, 27 de setembro de 2011

O DESÂNIMO DAS PALAVRAS


As palavras permanecem adormecidas
enrugadas pela espera
no silêncio abandonado da prisão do ser

Encostam-se, desanimadas
no regaço dos sentidos
anestesiados
como gotas desorientadas
numa bruma permanente
onde o sol se esqueceu de penetrar

As palavras tombam, enrugadas
como folhas secas, desoladas
pela ausência do sopro refrescante
da inspiração poema


JCE 09/2011



quarta-feira, 14 de setembro de 2011

BALANÇO A UMA VOZ

O que restou
de batalhas travadas
em percursos de afirmação e procura?

Palavras esquecidas
(nas horas vestidas de abandono) ...
Vertigens de sentidos vorazes
(na expectiva da imortalidade) ...
Banquetes de migalhas insípidas
(tragadas com sofreguidão) ...
Vozes indistintas
(esbanjadas em melodias clandestinas) ...

O que restou
da raiva indigesta
nascida nas derrotas camufladas
em vitórias proclamadas?

Um lamento,
pelas vidas gastas em plágios rebuscados ...
Um sabor,
de cores desvanecidas no nevoeiro das ilusões ...
O ritmo incontrolável
da imutabilidade do tempo ...
A certeza dos destinos
imbuídos de incerteza ...

O que restou afinal
dos devaneios da alma?

A inevitabilidade
da prisão do ser
nos recônditos da sua mágoa...


JCE 09/2011