As palavras não saem ...
o olhar vazio fixa-se na distância
como se pudesse ler o destino
escondido nos minutos que se escoam
Nada no horizonte perpetua a tua mão
entrelaçada nas recordações
que se esfumaram lentamente ...
demasiado lentamente ...
O desenho das tuas lágrimas derramadas
sobre um peito já cansado
cravou-se para lá da epiderme.
Instinto ...
apenas por instinto o teu nome foi amarfanhado
nas palmas das minhas mãos fechadas
para não mais ser acordado
As palavras não saem ...
só o clamor do silêncio te responde
às perguntas que não sabes ...
JCE 12/2010
.../...fico suspenso na expectativa
de um pensamento que rasgue o tempo
e me traduza o sonho das árvores
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
WHEN YOU ARE OLD (de W. B. Yeats)
When you are old and grey and full of sleep,
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.
William Butler Yeats
(Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram os teus olhos, e com as suas sombras profundas;
Muitos amaram os momentos do teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou a tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;
Inclinada sobre ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em longos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
Tradução de José Agostinho Baptista)
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.
William Butler Yeats
(Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram os teus olhos, e com as suas sombras profundas;
Muitos amaram os momentos do teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou a tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;
Inclinada sobre ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em longos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
Tradução de José Agostinho Baptista)
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
URGENTEMENTE (de Eugénio de Andrade, in “Até Amanhã”)
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
(Eugénio de Andrade)
(Foto de Maria Luísa Vale)
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
(Eugénio de Andrade)
(Foto de Maria Luísa Vale)
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Festas Felizes
A todos os seguidores do "Gotas de Silêncio" deixo aqui os meus votos de Feliz Natal e o desejo de que 2011 seja um ano pleno de realizações, acompanhadas de muita e bela poesia ...
Um Abraço cheio de carinho e amizade
João Carlos Esteves
Um Abraço cheio de carinho e amizade
João Carlos Esteves
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
NOITES LENTAS
Noites lentas de inverno
consumidas ao som da lareira
insidiosamente hipnótico
Absorto em contemplação
vejo o tempo a abrandar
sinto o crepitar da madeira
consumida pelas chamas
num cortejo de labaredas
que me assaltam o olhar
Florescem divagantes imagens
surgem histórias inventadas
de fugazes seres que se esvaem
abraçados pelo fogo,
pelas cinzas, pelo fumo ...
etéreos bailados de sombras
que se espalham pelos cantos
como nuvens irreais
Lentamente o fogo acalma
recolhe-se às brasas restantes
repousa nos restos dormentes
do seu reino de calor
O tempo regressa até mim
com suavidade e torpor ...
JCE 12/2010
consumidas ao som da lareira
insidiosamente hipnótico
Absorto em contemplação
vejo o tempo a abrandar
sinto o crepitar da madeira
consumida pelas chamas
num cortejo de labaredas
que me assaltam o olhar
Florescem divagantes imagens
surgem histórias inventadas
de fugazes seres que se esvaem
abraçados pelo fogo,
pelas cinzas, pelo fumo ...
etéreos bailados de sombras
que se espalham pelos cantos
como nuvens irreais
Lentamente o fogo acalma
recolhe-se às brasas restantes
repousa nos restos dormentes
do seu reino de calor
O tempo regressa até mim
com suavidade e torpor ...
JCE 12/2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
FANTASIA
Abri as portas da ilusão
e deixei-me por ela arrastar
na esteira de um vento irreal
cruzando planícies dormentes
num sonho em gestação
Fui sopro rebelde nos ares
dancei em montanhas douradas
e afaguei as folhas das árvores
envolvidas por chuva outonal
arrastadas nas águas tombadas
Imbuída nas nuvens velozes
fui lágrima perdida nos ares
percorri distâncias sem nome
alcancei os limites dos mares
e verti-me em silêncio e em paz
Serenamente a ilusão esmorece
no repousar do vento e das chuvas
entrelaçada em memórias distantes
de momentos gravados nas cinzas
dos tempos tecidos nas brumas
JCE 12/2010
e deixei-me por ela arrastar
na esteira de um vento irreal
cruzando planícies dormentes
num sonho em gestação
Fui sopro rebelde nos ares
dancei em montanhas douradas
e afaguei as folhas das árvores
envolvidas por chuva outonal
arrastadas nas águas tombadas
Imbuída nas nuvens velozes
fui lágrima perdida nos ares
percorri distâncias sem nome
alcancei os limites dos mares
e verti-me em silêncio e em paz
Serenamente a ilusão esmorece
no repousar do vento e das chuvas
entrelaçada em memórias distantes
de momentos gravados nas cinzas
dos tempos tecidos nas brumas
JCE 12/2010
sábado, 4 de dezembro de 2010
ECOS
O meu sentir é feito de ecos
das palavras
dos sorrisos
das carícias
de momentos já perdidos
nos interstícios porosos
de almas fragmentadas
Pedaços de mim, de ti e de outros
amálgama de emoções e vontades
num caleidoscópio fervente
de ligações sobrepostas
criadas
quebradas
largadas
Sensações de dejá vu
que me assaltam no silêncio
fugazes
indistintas
efémeras
sem sombra, fragância nem rasto
O meu sentir é feito de ecos
de ideias que me afagaram
de ideais que me elevaram
de valores que me moldaram
como ondulações bafejadas
pelo pouso de uma gaivota
JCE 12/2010
das palavras
dos sorrisos
das carícias
de momentos já perdidos
nos interstícios porosos
de almas fragmentadas
Pedaços de mim, de ti e de outros
amálgama de emoções e vontades
num caleidoscópio fervente
de ligações sobrepostas
criadas
quebradas
largadas
Sensações de dejá vu
que me assaltam no silêncio
fugazes
indistintas
efémeras
sem sombra, fragância nem rasto
O meu sentir é feito de ecos
de ideias que me afagaram
de ideais que me elevaram
de valores que me moldaram
como ondulações bafejadas
pelo pouso de uma gaivota
JCE 12/2010
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