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fico suspenso na expectativa

de um pensamento que rasgue o tempo

e me traduza o sonho das árvores



domingo, 19 de setembro de 2010

ORÁCULO

Paisagens ensombradas
por pegadas ancestrais,
marcas assaz duradouras
de profecias vindouras,
reluzentes odisseias
aguardadas pelos crentes
em súplicas subjacentes
ao sentido de uma vida
replicada em muitas mais

Expectativas lavradas
em sinais adivinhados
nos viscerais resíduos
perfumadas pelo fogo
transmutados em negrume

Regojizos e pavores
são lançados sobre o espírito
numa dança esfumeante
de transes milenares
para gáudios inconfessos
de enganosos profetas

Sobre as cinzas de visões
jazem medos e fortunas
de incertezas e ânsias
subjugadas aos destinos
falhados por inércia

Insurgem-se as vontades indómitas
revelam-se os crentes no Homem
esmorecem os repetidos pregões
de esboroados e vencidos dogmas

Respira-se um novo tempo
liberto de fumos icónicos
alicerçado na obra
dos construtores de futuros


JCE 09/2010

3 comentários:

  1. Gotas de silencio,que nome mais apropriado,é que de facto a sua poesia remete-me para o silencio,mas o silencio de quem pensa,quem procura saber.
    Aqui o seu ultimo verso.assusta-mede facto eu acho que se vive a aurora de novos tempos,só que Poeta não sou e não consigo evitar uma visão catastrofista do novo tempo.Bem Haja

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  2. Bela poesia que relata de um fôlego todas as crenças e mitos vividos pelo homem desde tempos ancestrais.
    Da realidade das coisas, nada sabemos; mas sentimos, cada qual à sua maneira, que novos adventos se anunciam... e como os esperamos com esperança!
    Para pior já basta assim!
    Um beijinho, João

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  3. "Percurso longo de eras de castração religiosa induzida por falsos profetas e vendedores de paraísos imaginados. Os novos tempos abrem-nos fronteiras inigualáveis de conhecimento científico, mantendo inviolável o espaço para a(s) fé(s), que respeito incondicionalmente"

    Grato pelos vossos comentários

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