As palavras não saem ...
o olhar vazio fixa-se na distância
como se pudesse ler o destino
escondido nos minutos que se escoam
Nada no horizonte perpetua a tua mão
entrelaçada nas recordações
que se esfumaram lentamente ...
demasiado lentamente ...
O desenho das tuas lágrimas derramadas
sobre um peito já cansado
cravou-se para lá da epiderme.
Instinto ...
apenas por instinto o teu nome foi amarfanhado
nas palmas das minhas mãos fechadas
para não mais ser acordado
As palavras não saem ...
só o clamor do silêncio te responde
às perguntas que não sabes ...
JCE 12/2010
.../...fico suspenso na expectativa
de um pensamento que rasgue o tempo
e me traduza o sonho das árvores
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
WHEN YOU ARE OLD (de W. B. Yeats)
When you are old and grey and full of sleep,
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.
William Butler Yeats
(Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram os teus olhos, e com as suas sombras profundas;
Muitos amaram os momentos do teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou a tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;
Inclinada sobre ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em longos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
Tradução de José Agostinho Baptista)
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.
William Butler Yeats
(Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram os teus olhos, e com as suas sombras profundas;
Muitos amaram os momentos do teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou a tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;
Inclinada sobre ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em longos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
Tradução de José Agostinho Baptista)
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
URGENTEMENTE (de Eugénio de Andrade, in “Até Amanhã”)
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
(Eugénio de Andrade)
(Foto de Maria Luísa Vale)
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
(Eugénio de Andrade)
(Foto de Maria Luísa Vale)
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Festas Felizes
A todos os seguidores do "Gotas de Silêncio" deixo aqui os meus votos de Feliz Natal e o desejo de que 2011 seja um ano pleno de realizações, acompanhadas de muita e bela poesia ...
Um Abraço cheio de carinho e amizade
João Carlos Esteves
Um Abraço cheio de carinho e amizade
João Carlos Esteves
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
NOITES LENTAS
Noites lentas de inverno
consumidas ao som da lareira
insidiosamente hipnótico
Absorto em contemplação
vejo o tempo a abrandar
sinto o crepitar da madeira
consumida pelas chamas
num cortejo de labaredas
que me assaltam o olhar
Florescem divagantes imagens
surgem histórias inventadas
de fugazes seres que se esvaem
abraçados pelo fogo,
pelas cinzas, pelo fumo ...
etéreos bailados de sombras
que se espalham pelos cantos
como nuvens irreais
Lentamente o fogo acalma
recolhe-se às brasas restantes
repousa nos restos dormentes
do seu reino de calor
O tempo regressa até mim
com suavidade e torpor ...
JCE 12/2010
consumidas ao som da lareira
insidiosamente hipnótico
Absorto em contemplação
vejo o tempo a abrandar
sinto o crepitar da madeira
consumida pelas chamas
num cortejo de labaredas
que me assaltam o olhar
Florescem divagantes imagens
surgem histórias inventadas
de fugazes seres que se esvaem
abraçados pelo fogo,
pelas cinzas, pelo fumo ...
etéreos bailados de sombras
que se espalham pelos cantos
como nuvens irreais
Lentamente o fogo acalma
recolhe-se às brasas restantes
repousa nos restos dormentes
do seu reino de calor
O tempo regressa até mim
com suavidade e torpor ...
JCE 12/2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
FANTASIA
Abri as portas da ilusão
e deixei-me por ela arrastar
na esteira de um vento irreal
cruzando planícies dormentes
num sonho em gestação
Fui sopro rebelde nos ares
dancei em montanhas douradas
e afaguei as folhas das árvores
envolvidas por chuva outonal
arrastadas nas águas tombadas
Imbuída nas nuvens velozes
fui lágrima perdida nos ares
percorri distâncias sem nome
alcancei os limites dos mares
e verti-me em silêncio e em paz
Serenamente a ilusão esmorece
no repousar do vento e das chuvas
entrelaçada em memórias distantes
de momentos gravados nas cinzas
dos tempos tecidos nas brumas
JCE 12/2010
e deixei-me por ela arrastar
na esteira de um vento irreal
cruzando planícies dormentes
num sonho em gestação
Fui sopro rebelde nos ares
dancei em montanhas douradas
e afaguei as folhas das árvores
envolvidas por chuva outonal
arrastadas nas águas tombadas
Imbuída nas nuvens velozes
fui lágrima perdida nos ares
percorri distâncias sem nome
alcancei os limites dos mares
e verti-me em silêncio e em paz
Serenamente a ilusão esmorece
no repousar do vento e das chuvas
entrelaçada em memórias distantes
de momentos gravados nas cinzas
dos tempos tecidos nas brumas
JCE 12/2010
sábado, 4 de dezembro de 2010
ECOS
O meu sentir é feito de ecos
das palavras
dos sorrisos
das carícias
de momentos já perdidos
nos interstícios porosos
de almas fragmentadas
Pedaços de mim, de ti e de outros
amálgama de emoções e vontades
num caleidoscópio fervente
de ligações sobrepostas
criadas
quebradas
largadas
Sensações de dejá vu
que me assaltam no silêncio
fugazes
indistintas
efémeras
sem sombra, fragância nem rasto
O meu sentir é feito de ecos
de ideias que me afagaram
de ideais que me elevaram
de valores que me moldaram
como ondulações bafejadas
pelo pouso de uma gaivota
JCE 12/2010
das palavras
dos sorrisos
das carícias
de momentos já perdidos
nos interstícios porosos
de almas fragmentadas
Pedaços de mim, de ti e de outros
amálgama de emoções e vontades
num caleidoscópio fervente
de ligações sobrepostas
criadas
quebradas
largadas
Sensações de dejá vu
que me assaltam no silêncio
fugazes
indistintas
efémeras
sem sombra, fragância nem rasto
O meu sentir é feito de ecos
de ideias que me afagaram
de ideais que me elevaram
de valores que me moldaram
como ondulações bafejadas
pelo pouso de uma gaivota
JCE 12/2010
terça-feira, 23 de novembro de 2010
NO TORPOR DO VAZIO
Sinto na luta interior
das palavras tumultuosas
a torrente ininterrupta
de sentimentos vadios
que procuram escapar de mim
Refreio a vontade voraz
de gritar pensamentos sem nexo,
alegorias bastardas,
imagens sem reflexo
Calo em mim a profusão
de respostas sem perguntas
envolvo em cetim as palavras
que encerro no silêncio
da escrita que não liberto
Entrego o meu sentir
ao doce torpor do vazio
para nele se dissolver
em palavras esquecidas
JCE 11/2010
das palavras tumultuosas
a torrente ininterrupta
de sentimentos vadios
que procuram escapar de mim
Refreio a vontade voraz
de gritar pensamentos sem nexo,
alegorias bastardas,
imagens sem reflexo
Calo em mim a profusão
de respostas sem perguntas
envolvo em cetim as palavras
que encerro no silêncio
da escrita que não liberto
Entrego o meu sentir
ao doce torpor do vazio
para nele se dissolver
em palavras esquecidas
JCE 11/2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
MARGENS
Repouso nas margens do rio
transbordante de sentidos
e palavras refulgentes
que gritam em desafio
Meditativos momentos
tu provocas no meu ser
invadindo-me a alma
na cadência suave dos ventos
Alma livre e luminosa
tuas palavras eu bebo
e revejo nelas o querer
que me impele a crescer
como Homem, como Ser
JCE 11/2010
transbordante de sentidos
e palavras refulgentes
que gritam em desafio
Meditativos momentos
tu provocas no meu ser
invadindo-me a alma
na cadência suave dos ventos
Alma livre e luminosa
tuas palavras eu bebo
e revejo nelas o querer
que me impele a crescer
como Homem, como Ser
JCE 11/2010
OLHARES
Olhas o Mundo por dentro
nas penumbras intermitentes
percorridas por sombras ausentes
que demarcam os ambientes
nas rugosidades do tempo
Crias instantes sagrados
intervalos intemporais
captados em instantâneos
que se intrometem, velozes,
na corrente ininterrupta
de momentos ignorados
Recuperas assim a beleza
dos lugares e dos sentidos
captados pelos olhares
que nascem dentro de ti
JCE 11/2010
nas penumbras intermitentes
percorridas por sombras ausentes
que demarcam os ambientes
nas rugosidades do tempo
Crias instantes sagrados
intervalos intemporais
captados em instantâneos
que se intrometem, velozes,
na corrente ininterrupta
de momentos ignorados
Recuperas assim a beleza
dos lugares e dos sentidos
captados pelos olhares
que nascem dentro de ti
JCE 11/2010
domingo, 21 de novembro de 2010
PERMANÊNCIA
Ao longe o horizonte escurecido
mergulha em ondas revoltas
erguidas no cansaço do mar
Crepúsculo de dias esgotados
num esquecimento fechado
entre linhas por traçar
Sentimento imanente
de finitude presente
JCE 11/2010
mergulha em ondas revoltas
erguidas no cansaço do mar
Crepúsculo de dias esgotados
num esquecimento fechado
entre linhas por traçar
Sentimento imanente
de finitude presente
JCE 11/2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
LEVEZA
Leveza sublime e infindável
a da alma que se banha
nos eflúvios lacrimosos da paz
emanados dos seus amenos recessos
no vislumbre das razões e convicções
que a moldam à imagem do seu querer
JCE 11/2010
a da alma que se banha
nos eflúvios lacrimosos da paz
emanados dos seus amenos recessos
no vislumbre das razões e convicções
que a moldam à imagem do seu querer
JCE 11/2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
DEPOIS DA ENCRUZILHADA
A encruzilhada cinzenta
foi transposta num repente
convulsivo
e demente
marcando sordidamente
o passado e o presente
A tempestade abateu-se
sobre a alma confiante
abrindo chagas
que te marcam
o futuro, certamente
Agora …
dias leves e sóbrios
envolvem-te suavemente
sem ardor nem ilusões
de futuros inventados
Acolhes o ansiado acordar
para a vida que conheces
e repetes
dia a dia
na expurgação do tempo
dissonante e ilusório
Sobram cicatrizes
esmorecidas
sinais prenhes de sentido
da grandeza do teu ser
JCE 11/2010
foi transposta num repente
convulsivo
e demente
marcando sordidamente
o passado e o presente
A tempestade abateu-se
sobre a alma confiante
abrindo chagas
que te marcam
o futuro, certamente
Agora …
dias leves e sóbrios
envolvem-te suavemente
sem ardor nem ilusões
de futuros inventados
Acolhes o ansiado acordar
para a vida que conheces
e repetes
dia a dia
na expurgação do tempo
dissonante e ilusório
Sobram cicatrizes
esmorecidas
sinais prenhes de sentido
da grandeza do teu ser
JCE 11/2010
domingo, 14 de novembro de 2010
SILHUETAS
No ritmo insuspeito do vento
vejo silhuetas vazias
percorrerem caminhos insólitos
Memórias adormecidas no tempo
enroladas nos percursos da mente
como um rio de imagens ausentes
sem reflexo nem rasto visível
Desvanecem-se em fumo incolor
apagam-se sem luz interior
simples sombras
insubstanciais afinal
Meras imagens esbatidas
em cada momento presente …
JCE 11/2010
vejo silhuetas vazias
percorrerem caminhos insólitos
Memórias adormecidas no tempo
enroladas nos percursos da mente
como um rio de imagens ausentes
sem reflexo nem rasto visível
Desvanecem-se em fumo incolor
apagam-se sem luz interior
simples sombras
insubstanciais afinal
Meras imagens esbatidas
em cada momento presente …
JCE 11/2010
terça-feira, 9 de novembro de 2010
FRAGMENTOS MOLHADOS
Lavei os recantos da alma
com todas as lágrimas
sofridas
insanamente vertidas
em momentos
que já perdi
Libertei de mim
toda a dor
em fragmentos
molhados
nus, sós e espantados
por se verem arrastados
pelas águas
do esquecimento
De alma aberta
senti
o meu ser purificado
renascido
e renovado
JCE 11/2010
com todas as lágrimas
sofridas
insanamente vertidas
em momentos
que já perdi
Libertei de mim
toda a dor
em fragmentos
molhados
nus, sós e espantados
por se verem arrastados
pelas águas
do esquecimento
De alma aberta
senti
o meu ser purificado
renascido
e renovado
JCE 11/2010
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
LIBERTAÇÃO
Pairavas escondida
da luz dos dias
dos olhos do mundo
enrolada em ti própria
sem veres nem seres vista
Senti-te crescer
perante os meus olhos
desabrochaste
tornaste-te flor
lágrima, emoção, dor
Pela mão do escritor
libertaste-te
fizeste-te inteira,
menina e mulher
aroma e sabor
canto de sereia
Conquistaste o mundo
por frágeis momentos
no espaço de tempo
que a inspiração te deu
como um breve suspiro
sussurrado no silêncio
Agora que és livre
transformas sentir em queixume
libertas amor, rasgas emoções
tropeças na incompreensão
despertas paixões
alteras o mundo
numa folha de papel
Palavra libertada para a vida
és tu que me libertas...
JCE 03/2010
(Nota: este poema foi recentemente publicado no livro "Cresci com a poesia", da minha amiga Dina Ventura, que gentilmente me convidou para participar nesta sua excelente obra literária. Para ela, o meu agradecimento, pelo convite e pela amizade)
da luz dos dias
dos olhos do mundo
enrolada em ti própria
sem veres nem seres vista
Senti-te crescer
perante os meus olhos
desabrochaste
tornaste-te flor
lágrima, emoção, dor
Pela mão do escritor
libertaste-te
fizeste-te inteira,
menina e mulher
aroma e sabor
canto de sereia
Conquistaste o mundo
por frágeis momentos
no espaço de tempo
que a inspiração te deu
como um breve suspiro
sussurrado no silêncio
Agora que és livre
transformas sentir em queixume
libertas amor, rasgas emoções
tropeças na incompreensão
despertas paixões
alteras o mundo
numa folha de papel
Palavra libertada para a vida
és tu que me libertas...
JCE 03/2010
(Nota: este poema foi recentemente publicado no livro "Cresci com a poesia", da minha amiga Dina Ventura, que gentilmente me convidou para participar nesta sua excelente obra literária. Para ela, o meu agradecimento, pelo convite e pela amizade)
domingo, 31 de outubro de 2010
EM SILÊNCIO PARTO ...
Gota a gota vou marcando o meu percurso
neste rio de silêncio que me acolhe
e me aconchega num abraço repousante
São as gotas vertidas do meu ser
que alimentam o silêncio murmurante...
... e em silêncio parto, sem hesitação,
indiferente ao que deixo e abandono
já esbatido na distância da ilusão...
JCE 10/2010
neste rio de silêncio que me acolhe
e me aconchega num abraço repousante
São as gotas vertidas do meu ser
que alimentam o silêncio murmurante...
... e em silêncio parto, sem hesitação,
indiferente ao que deixo e abandono
já esbatido na distância da ilusão...
JCE 10/2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
MÁSCARA
Sorris
com o encanto fremente
da sedução irreverente
numa ilusão patente
de conquista premente
Encontras eco nos olhares
suspirantes e rendidos
à personagem criada
que te reveste o ser
Chega a hora do silêncio
solitário e penetrante
em que tiras as roupagens
do teu eu imaginado
Cai a máscara encantada
quando o espelho indiferente
te devolve uma imagem
nua, agreste e feroz
do subsolo da alma
Nesse instante gelado
sorris para o reflexo
que te olha com tristeza
sem te reconhecer
JCE 10/2010
com o encanto fremente
da sedução irreverente
numa ilusão patente
de conquista premente
Encontras eco nos olhares
suspirantes e rendidos
à personagem criada
que te reveste o ser
Chega a hora do silêncio
solitário e penetrante
em que tiras as roupagens
do teu eu imaginado
Cai a máscara encantada
quando o espelho indiferente
te devolve uma imagem
nua, agreste e feroz
do subsolo da alma
Nesse instante gelado
sorris para o reflexo
que te olha com tristeza
sem te reconhecer
JCE 10/2010
domingo, 24 de outubro de 2010
PEGADAS
Gravei nas areias molhadas
as pegadas da minha passagem
naquele instante de vida
Por momentos ficou escrita
a marca da minha presença
estendida pela praia
como um trilho de pertença
Inspirei a maresia
inundando os meus sentidos
com a vastidão do mar
A maré cresceu nas ondas
que se ergueram confiantes
invadindo o areal
com o seu abraço salgado
de água e espuma brilhantes
Sobrou a imagem esmorecida
das sombras de uma passagem
nos contornos das pegadas,
nos momentos que gravei
nas areias da praia distante
e nos fios de um tempo indiferente
O mar apagou as marcas
da minha presença fugaz ...
JCE 10/2010
as pegadas da minha passagem
naquele instante de vida
Por momentos ficou escrita
a marca da minha presença
estendida pela praia
como um trilho de pertença
Inspirei a maresia
inundando os meus sentidos
com a vastidão do mar
A maré cresceu nas ondas
que se ergueram confiantes
invadindo o areal
com o seu abraço salgado
de água e espuma brilhantes
Sobrou a imagem esmorecida
das sombras de uma passagem
nos contornos das pegadas,
nos momentos que gravei
nas areias da praia distante
e nos fios de um tempo indiferente
O mar apagou as marcas
da minha presença fugaz ...
JCE 10/2010
ONDAS DE INQUIETAÇÃO
Sinto ondas de inquietação
a crescerem lentamente
no meu âmago dormente
como insupeita nascente
prestes a brotar do chão
As palavras caladas acordam
e ansiosas procuram
encontrar novas formas
de abraçar os vazios informes
nos acabrunhados silêncios
expectantes na penumbra
Pouco a pouco ganham vida
numa premonição de sentido
conduzindo o pensamento
para um novo rumo rompido
Sinto ondas de inquietação
encher-me a alma de som
com as palavras já criadas
numa breve inspiração
Afinal foi a palavra
renegada no meu íntimo
que criou novas imagens
irreais (ou algo mais?)
Expurgada a inquietação
nestas linhas onde escrevo
encontro novos alentos
para criar as molduras
de sorrisos e lamentos
JCE 10/2010
a crescerem lentamente
no meu âmago dormente
como insupeita nascente
prestes a brotar do chão
As palavras caladas acordam
e ansiosas procuram
encontrar novas formas
de abraçar os vazios informes
nos acabrunhados silêncios
expectantes na penumbra
Pouco a pouco ganham vida
numa premonição de sentido
conduzindo o pensamento
para um novo rumo rompido
Sinto ondas de inquietação
encher-me a alma de som
com as palavras já criadas
numa breve inspiração
Afinal foi a palavra
renegada no meu íntimo
que criou novas imagens
irreais (ou algo mais?)
Expurgada a inquietação
nestas linhas onde escrevo
encontro novos alentos
para criar as molduras
de sorrisos e lamentos
JCE 10/2010
sábado, 23 de outubro de 2010
CAMINHOS
Interiorizei a visão
de um destino ansiado
pelo qual me propus alcançar
um novo plano elevado
na existência salubre
de dias inquietos e mornos
Busquei a transmutação
nos milagres almejados
vagamente vislumbrados
em imaginados futuros
Hesitante larguei a firmeza
das noções anquilosadas
argumentadas na dureza
das vontades dominadas
revivendo a certeza
das dores e mágoas passadas
Abri mão de convenções
vastas e sufocantes
mergulhei nos fragmentos
do silêncio, do vazio,
que me inundou os minutos
como a corrente de um rio
Percorri parca distância
entre avanços e recuos
neste rumo enveredado
em busca de novos futuros
Qual o caminho ideal?
O que procuro afinal?
Saberás o que eu não sei?
JCE 10/2010
de um destino ansiado
pelo qual me propus alcançar
um novo plano elevado
na existência salubre
de dias inquietos e mornos
Busquei a transmutação
nos milagres almejados
vagamente vislumbrados
em imaginados futuros
Hesitante larguei a firmeza
das noções anquilosadas
argumentadas na dureza
das vontades dominadas
revivendo a certeza
das dores e mágoas passadas
Abri mão de convenções
vastas e sufocantes
mergulhei nos fragmentos
do silêncio, do vazio,
que me inundou os minutos
como a corrente de um rio
Percorri parca distância
entre avanços e recuos
neste rumo enveredado
em busca de novos futuros
Qual o caminho ideal?
O que procuro afinal?
Saberás o que eu não sei?
JCE 10/2010
DESTINOS RASGADOS
Sonho com passagens
em lugares inexistentes
onde crescem dias de paz
numa vastidão de planuras
de contornos indistintos
e relevos alisados
pelas brisas do tempo
Sonho com dias pensados
mas nunca concretizados
perdidos num cruzamento
de escolhas encetadas
na corrente imutável
de vidas em movimento
Surge tenuemente no sonho
o indistinto reflexo
das fileiras de eventos
que romperam possibilidades
que inflectiram vontades
e separaram destinos
em filamentos do ser
Imagens feitas de símbolos
de vontades e desejos
sem idade nem ensejo
apenas destinos rasgados
e outros por fim alcançados
JCE 10/2010
em lugares inexistentes
onde crescem dias de paz
numa vastidão de planuras
de contornos indistintos
e relevos alisados
pelas brisas do tempo
Sonho com dias pensados
mas nunca concretizados
perdidos num cruzamento
de escolhas encetadas
na corrente imutável
de vidas em movimento
Surge tenuemente no sonho
o indistinto reflexo
das fileiras de eventos
que romperam possibilidades
que inflectiram vontades
e separaram destinos
em filamentos do ser
Imagens feitas de símbolos
de vontades e desejos
sem idade nem ensejo
apenas destinos rasgados
e outros por fim alcançados
JCE 10/2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
ASAS ALTANEIRAS
Pequenos montículos
de rochas solitárias
bordejando a foz do rio
dão guarida às aves marinhas
num breve e desperto repouso ...
... até ao momento
da partida esvoaçante
rumo a novas distâncias
conquistadas ao vento mordaz
Asas altaneiras
planando na imensidão
do espaço aberto dos céus
imagem sublime
da liberdade sonhada
JCE 10/2010
de rochas solitárias
bordejando a foz do rio
dão guarida às aves marinhas
num breve e desperto repouso ...
... até ao momento
da partida esvoaçante
rumo a novas distâncias
conquistadas ao vento mordaz
Asas altaneiras
planando na imensidão
do espaço aberto dos céus
imagem sublime
da liberdade sonhada
JCE 10/2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
INQUIETAÇÃO
Abrasa-me o veneno
das linhas em branco da inspiração
Divago ao som das letras marteladas
com as presas da raiva cravadas
na macia carne das emoções
Alimento-me de palavras libertas
em catarses arrancadas das sombras
que me enchem a alma
como lamentos cuspidos
por uma multidão incógnita
Solto gritos mudos
no aconchego da noite fria
Desnudo-me numa torrente de inquietação
sem supremacia
nem alívio
Divago ao som das letras marteladas
e esquecidas
na voragem da indiferença
JCE 10/2010
das linhas em branco da inspiração
Divago ao som das letras marteladas
com as presas da raiva cravadas
na macia carne das emoções
Alimento-me de palavras libertas
em catarses arrancadas das sombras
que me enchem a alma
como lamentos cuspidos
por uma multidão incógnita
Solto gritos mudos
no aconchego da noite fria
Desnudo-me numa torrente de inquietação
sem supremacia
nem alívio
Divago ao som das letras marteladas
e esquecidas
na voragem da indiferença
JCE 10/2010
domingo, 10 de outubro de 2010
FOLHAS MORTAS
Cinzentos dias de Outono
iluminados
pelo sorriso de um olhar
reflectido nas cores quentes
das folhas
que abandonam o abraço das árvores
sem destino,
sem propósito
Confortante imagem esbatida
pela crescente inquietação
que transborda
nas margens vencidas
da alma encolhida
como um prenúncio gritante
de um Outono sem luz
Alinhamento fortuito
de uma estação moribunda?
Apenas folhas mortas
transportadas no seio do vento
sem esplendor
nem confluências
só incertezas ...
JCE 10/2010
iluminados
pelo sorriso de um olhar
reflectido nas cores quentes
das folhas
que abandonam o abraço das árvores
sem destino,
sem propósito
Confortante imagem esbatida
pela crescente inquietação
que transborda
nas margens vencidas
da alma encolhida
como um prenúncio gritante
de um Outono sem luz
Alinhamento fortuito
de uma estação moribunda?
Apenas folhas mortas
transportadas no seio do vento
sem esplendor
nem confluências
só incertezas ...
JCE 10/2010
sábado, 2 de outubro de 2010
FUGAZES SENSAÇÕES
Deambulo
pelos indolentes dias
parados
nas paisagens repetidas
de olhares turvos
na distância
Absorvo
as fugazes sensações
de bonomias
inventadas
em retalhos
de momentos
roubados
na silhueta das horas
O sonho tem os contornos
dos amanhãs
adormecidos
nas águas
que ainda não viram a nascente
Subtilmente
deixo-me submergir ...
JCE 09/2010
pelos indolentes dias
parados
nas paisagens repetidas
de olhares turvos
na distância
Absorvo
as fugazes sensações
de bonomias
inventadas
em retalhos
de momentos
roubados
na silhueta das horas
O sonho tem os contornos
dos amanhãs
adormecidos
nas águas
que ainda não viram a nascente
Subtilmente
deixo-me submergir ...
JCE 09/2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
CREPÚSCULO
Suavemente chega o crepúsculo
com os seus cambiantes serenos
e reflexos fugazes
como etéreas folhas em queda
das árvores outonais
Arauto da noite próxima
prenúncio das horas leves
dos silêncios confortantes
e das solidões incógnitas
Refrescantes sombras crescentes
espalham-se sobre o cansaço
dos momentos já esgotados
na azáfama do dia
como um manto protector
de oblívios perdões
Efémera presença a tua
de brandos momentos tingidos
com tonalidades difusas
transitórios pedaços em mescla
de um bulício angustiado
e de um sossego ansiado
Cai a noite repousante
com os seus véus de mistério
encerrando a magia tépida
do crepúsculo passageiro
JCE 09/2010
com os seus cambiantes serenos
e reflexos fugazes
como etéreas folhas em queda
das árvores outonais
Arauto da noite próxima
prenúncio das horas leves
dos silêncios confortantes
e das solidões incógnitas
Refrescantes sombras crescentes
espalham-se sobre o cansaço
dos momentos já esgotados
na azáfama do dia
como um manto protector
de oblívios perdões
Efémera presença a tua
de brandos momentos tingidos
com tonalidades difusas
transitórios pedaços em mescla
de um bulício angustiado
e de um sossego ansiado
Cai a noite repousante
com os seus véus de mistério
encerrando a magia tépida
do crepúsculo passageiro
JCE 09/2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
INTRUSÃO
Sentiste a minha intrusão
nos recantos da tua alma
quando os meus olhos sorriram
aflorando o teu olhar?
Foi nesse mágico instante
que descobriste o caminho
dos desejos inatingivéis
das vontades irrealizáveis
das escaladas incontroláveis
dos voos inolvidáveis
e das paixões supremas
Sentiste a minha intrusão
nos teus sonhos mais profundos
quando a minha boca tocaste
com os teus lábios de mel?
Foi nesse instante divino
que surgiu um novo mundo
onde nos aventurámos
com as almas enlevadas
e os corpos em fusão
inventando passo a passo
o caudal das sensações
nos limites das presenças,
nos meandros das ausências
Sentes a minha intrusão
nas tuas imagens dos dias
que ambos faremos nascer?
JCE 09/2010
nos recantos da tua alma
quando os meus olhos sorriram
aflorando o teu olhar?
Foi nesse mágico instante
que descobriste o caminho
dos desejos inatingivéis
das vontades irrealizáveis
das escaladas incontroláveis
dos voos inolvidáveis
e das paixões supremas
Sentiste a minha intrusão
nos teus sonhos mais profundos
quando a minha boca tocaste
com os teus lábios de mel?
Foi nesse instante divino
que surgiu um novo mundo
onde nos aventurámos
com as almas enlevadas
e os corpos em fusão
inventando passo a passo
o caudal das sensações
nos limites das presenças,
nos meandros das ausências
Sentes a minha intrusão
nas tuas imagens dos dias
que ambos faremos nascer?
JCE 09/2010
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
PALAVRAS SOFRIDAS
Sinto as palavras
sofridas
que me inundam
a alma
como vagas
infindas
libertadas pelo mar
Enrolam-se
em novelos confusos
enredam-se
em molhos difusos
derramam
a sua magia
no meu constante divagar
Invadem-me
as margens do ser
para nelas
se espraiarem
e luzirem
hipnóticas
no reflexo
de um olhar
Encerro
as janelas da alma
retenho
as palavras
em mim
até chegar a hora do espanto
JCE 09/2010
sofridas
que me inundam
a alma
como vagas
infindas
libertadas pelo mar
Enrolam-se
em novelos confusos
enredam-se
em molhos difusos
derramam
a sua magia
no meu constante divagar
Invadem-me
as margens do ser
para nelas
se espraiarem
e luzirem
hipnóticas
no reflexo
de um olhar
Encerro
as janelas da alma
retenho
as palavras
em mim
até chegar a hora do espanto
JCE 09/2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
BRILHANTES MANHÃS
Desperto os sentidos
para as brilhantes manhãs
deste início de estação,
adornadas com véus
de neblinas,
fugazes cortinas
de gotejante assombramento,
encobrindo os apelos
indistintos
dos horizontes encravados
na distância
Aspiro a frescura das horas novas
emudecidas pela luz
deflectida
na superfície espelhada das águas
Sinto o regresso do Outono,
dos seus dias de amadurecidas belezas,
das frementes e saudosas cores quentes,
num ansiado reencontro
com o tempo
da contemplativa serenidade
JCE 09/2010
para as brilhantes manhãs
deste início de estação,
adornadas com véus
de neblinas,
fugazes cortinas
de gotejante assombramento,
encobrindo os apelos
indistintos
dos horizontes encravados
na distância
Aspiro a frescura das horas novas
emudecidas pela luz
deflectida
na superfície espelhada das águas
Sinto o regresso do Outono,
dos seus dias de amadurecidas belezas,
das frementes e saudosas cores quentes,
num ansiado reencontro
com o tempo
da contemplativa serenidade
JCE 09/2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
VIRAGEM
Deixo o olhar transportar-me
ao longo deste horizonte
que me chama com brandura
Vogo ao sabor das ondas
indolentes deste mar
que se espraia a meus pés
Parto numa jangada de espuma
rumo a destinos incertos
sem que isso me impeça
de sentir o abraço do sonho
Sigo os rastos de luz
salpicados pelas águas
ao encontro de outras vidas
Serenamente aguardo
o momento da viragem
JCE 09/2010
ao longo deste horizonte
que me chama com brandura
Vogo ao sabor das ondas
indolentes deste mar
que se espraia a meus pés
Parto numa jangada de espuma
rumo a destinos incertos
sem que isso me impeça
de sentir o abraço do sonho
Sigo os rastos de luz
salpicados pelas águas
ao encontro de outras vidas
Serenamente aguardo
o momento da viragem
JCE 09/2010
ÊXTASE
Infindável …
assim sinto o teu êxtase
reverberante
vibrante
com laivos de loucura
quase dolorosa
quase colapsante
O meu toque incendeia-te
numa torrente
exasperante
de sabores suados
e aromas lascivos
em crescendo …
Suplicas-me
nos teus gemidos
que não pare, que te sacie
o desejo incontrolável
que te invade
o corpo incandescente
reluzente
de prazer
Saboreio-te docemente
em incursões delineadas
na tua pele sedosa,
humedecida
exploro o teu sentir
gotejante
diluído no meu delírio
que cresce
numa escalada sincopada
com o teu corpo arqueado
em espasmódica extensão
como se procurasses
agarrar
um momento intemporal
Sentes a chegada
do momento
ansiado e adiado
como um manto
possessivo
que te enrola e te sufoca
que te faz sentir que morres
em cada segundo esgotado
numa doce luxúria
eternamente renovada
JCE 05/2010
assim sinto o teu êxtase
reverberante
vibrante
com laivos de loucura
quase dolorosa
quase colapsante
O meu toque incendeia-te
numa torrente
exasperante
de sabores suados
e aromas lascivos
em crescendo …
Suplicas-me
nos teus gemidos
que não pare, que te sacie
o desejo incontrolável
que te invade
o corpo incandescente
reluzente
de prazer
Saboreio-te docemente
em incursões delineadas
na tua pele sedosa,
humedecida
exploro o teu sentir
gotejante
diluído no meu delírio
que cresce
numa escalada sincopada
com o teu corpo arqueado
em espasmódica extensão
como se procurasses
agarrar
um momento intemporal
Sentes a chegada
do momento
ansiado e adiado
como um manto
possessivo
que te enrola e te sufoca
que te faz sentir que morres
em cada segundo esgotado
numa doce luxúria
eternamente renovada
JCE 05/2010
domingo, 19 de setembro de 2010
ORÁCULO
Paisagens ensombradas
por pegadas ancestrais,
marcas assaz duradouras
de profecias vindouras,
reluzentes odisseias
aguardadas pelos crentes
em súplicas subjacentes
ao sentido de uma vida
replicada em muitas mais
Expectativas lavradas
em sinais adivinhados
nos viscerais resíduos
perfumadas pelo fogo
transmutados em negrume
Regojizos e pavores
são lançados sobre o espírito
numa dança esfumeante
de transes milenares
para gáudios inconfessos
de enganosos profetas
Sobre as cinzas de visões
jazem medos e fortunas
de incertezas e ânsias
subjugadas aos destinos
falhados por inércia
Insurgem-se as vontades indómitas
revelam-se os crentes no Homem
esmorecem os repetidos pregões
de esboroados e vencidos dogmas
Respira-se um novo tempo
liberto de fumos icónicos
alicerçado na obra
dos construtores de futuros
JCE 09/2010
por pegadas ancestrais,
marcas assaz duradouras
de profecias vindouras,
reluzentes odisseias
aguardadas pelos crentes
em súplicas subjacentes
ao sentido de uma vida
replicada em muitas mais
Expectativas lavradas
em sinais adivinhados
nos viscerais resíduos
perfumadas pelo fogo
transmutados em negrume
Regojizos e pavores
são lançados sobre o espírito
numa dança esfumeante
de transes milenares
para gáudios inconfessos
de enganosos profetas
Sobre as cinzas de visões
jazem medos e fortunas
de incertezas e ânsias
subjugadas aos destinos
falhados por inércia
Insurgem-se as vontades indómitas
revelam-se os crentes no Homem
esmorecem os repetidos pregões
de esboroados e vencidos dogmas
Respira-se um novo tempo
liberto de fumos icónicos
alicerçado na obra
dos construtores de futuros
JCE 09/2010
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
PROFUNDEZAS SERENAS
No azul intenso e eterno
das tuas profundezas serenas
jazem mistérios de vidas
destroçadas sem razão,
encerradas em relíquias
que um dia foram sonhos
No fervor das tuas águas
mergulharam dores sentidas
e felicidades supremas,
sem destrinça, sem propósito,
como irrisórios despojos
tristemente libertados
No dealbar de novos dias
transportas contigo memórias
libertadas nas areias,
recuperadas num olhar,
como num exangue rito
renovado nas marés,
no seu regresso imutável
ao afago de firmes margens
Mar azul que tanto guardas
no teu regaço profundo,
acolheste com carinho o sonho
moribundo,
acalmaste as suas dores,
para o veres renascer
serenado
renovado
pacificado ...
JCE 09/2010
das tuas profundezas serenas
jazem mistérios de vidas
destroçadas sem razão,
encerradas em relíquias
que um dia foram sonhos
No fervor das tuas águas
mergulharam dores sentidas
e felicidades supremas,
sem destrinça, sem propósito,
como irrisórios despojos
tristemente libertados
No dealbar de novos dias
transportas contigo memórias
libertadas nas areias,
recuperadas num olhar,
como num exangue rito
renovado nas marés,
no seu regresso imutável
ao afago de firmes margens
Mar azul que tanto guardas
no teu regaço profundo,
acolheste com carinho o sonho
moribundo,
acalmaste as suas dores,
para o veres renascer
serenado
renovado
pacificado ...
JCE 09/2010
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
SE UM DIA …
Se um dia eu perceber
o sentir por ti forjado
olharei para novas nuvens,
rasgarei as neblinas,
e as auroras intangíveis,
procurando explicação,
ou um traço da razão,
que me fez olhar o mar
sem te ver nele a brilhar
Se um dia eu vislumbrar
as rugas da tua dor
abrirei novas fronteiras,
com passadas sem temor
nas paisagens abrasantes,
repletas de brilhantes
lágrimas sem fim, perdidas
por amor da tua entrega
Se um dia eu encontrar
as virtudes que te moldam
na pessoa que tu és
esboçarei um quadro eterno
de flamejante ardor,
e beleza transcendente,
que guardarei só para mim
na dimensão de um sonho puro
Se um dia
a tua alma eu conhecer …
JCE 09/2010
o sentir por ti forjado
olharei para novas nuvens,
rasgarei as neblinas,
e as auroras intangíveis,
procurando explicação,
ou um traço da razão,
que me fez olhar o mar
sem te ver nele a brilhar
Se um dia eu vislumbrar
as rugas da tua dor
abrirei novas fronteiras,
com passadas sem temor
nas paisagens abrasantes,
repletas de brilhantes
lágrimas sem fim, perdidas
por amor da tua entrega
Se um dia eu encontrar
as virtudes que te moldam
na pessoa que tu és
esboçarei um quadro eterno
de flamejante ardor,
e beleza transcendente,
que guardarei só para mim
na dimensão de um sonho puro
Se um dia
a tua alma eu conhecer …
JCE 09/2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
PERSISTÊNCIA
Inventei-te nos aromas
de alfazemas e ciprestes
com contornos subtis
adornados na pureza
de desejos pueris
Admirei-te a vontade
indómita, determinada,
o teu querer irredutível,
a persistência iluminada
Por força da tua paixão
aqueceste vazios inóspitos
derreteste muralhas de gelo
e abriste caminhos amenos
sobre o granito racional
Sabiamente afastaste
obstáculos, agruras e dores
acreditando na luz flamejante
que te aguardava, serena
no destino arduamente almejado
Adormecem-se assim as memórias
de dias desencontrados
dos propósitos conquistados
em turbilhonante e alvoraçada demanda
da luz diáfana
de ansiados futuros sonhados
JCE 07/2010
de alfazemas e ciprestes
com contornos subtis
adornados na pureza
de desejos pueris
Admirei-te a vontade
indómita, determinada,
o teu querer irredutível,
a persistência iluminada
Por força da tua paixão
aqueceste vazios inóspitos
derreteste muralhas de gelo
e abriste caminhos amenos
sobre o granito racional
Sabiamente afastaste
obstáculos, agruras e dores
acreditando na luz flamejante
que te aguardava, serena
no destino arduamente almejado
Adormecem-se assim as memórias
de dias desencontrados
dos propósitos conquistados
em turbilhonante e alvoraçada demanda
da luz diáfana
de ansiados futuros sonhados
JCE 07/2010
domingo, 5 de setembro de 2010
GOTAS DE SILÊNCIO
Imerso na quietude da solidão
abraço a dureza do silêncio
para nele me encontrar,
para nele me perdoar
Oblívio sentimento de paz
serenidade incapaz
de ser contida nas palavras
Esquecimento dos momentos
de um tempo sem memória
escorraçados pela alma
fustigada
num virar costas ao passado
arrojado
e lamentado
pela perda
inominável
Sôfrego
saboreio o silêncio
gota a gota
inebriante
num adormecer dos sentidos
que me lava as cicatrizes
gravadas no meu ser
No silêncio das palavras
ouço o eco do teu querer
JCE 09/2010
abraço a dureza do silêncio
para nele me encontrar,
para nele me perdoar
Oblívio sentimento de paz
serenidade incapaz
de ser contida nas palavras
Esquecimento dos momentos
de um tempo sem memória
escorraçados pela alma
fustigada
num virar costas ao passado
arrojado
e lamentado
pela perda
inominável
Sôfrego
saboreio o silêncio
gota a gota
inebriante
num adormecer dos sentidos
que me lava as cicatrizes
gravadas no meu ser
No silêncio das palavras
ouço o eco do teu querer
JCE 09/2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
SENTIR DO ÉDEN
Tenho entranhado no corpo
o odor flutuante
da tua pele
que se espalhou
inebriante
na suave claridade
que afaga o leito
onde te tive,
onde me dei
num quarto pejado
de paixão e ardor,
incapaz de conter
a explosão do nosso querer,
aflorei as sensações
do teu sentir de mulher
descobri meu corpo
em ti
inverti teu corpo
em mim
na penumbra projectada
pela janela onde o luar
se estreitou
e se espraiou
seria assim
o sentir do Éden?
Fechei a porta do quarto
encerrei nele o luar,
o odor da paixão,
o ardor.
Retive nele
as memórias de ti.
JCE 05/2010
o odor flutuante
da tua pele
que se espalhou
inebriante
na suave claridade
que afaga o leito
onde te tive,
onde me dei
num quarto pejado
de paixão e ardor,
incapaz de conter
a explosão do nosso querer,
aflorei as sensações
do teu sentir de mulher
descobri meu corpo
em ti
inverti teu corpo
em mim
na penumbra projectada
pela janela onde o luar
se estreitou
e se espraiou
seria assim
o sentir do Éden?
Fechei a porta do quarto
encerrei nele o luar,
o odor da paixão,
o ardor.
Retive nele
as memórias de ti.
JCE 05/2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
NOME SEM LETRAS
Vogando pelas rugas dos dias
encontro ligações enredadas
nas miríades de palavras
proferidas
sem intuitos sentidos
Num quotidiano flácido
de clonadas rotinas
o futuro liberta-se em sombras
que se esfumam
sem marcas vividas
Escoando as memórias de mim
em cúbiculos amarfanhados
renego as imagens sonhadas
como pragas de inquietação
Profiro o teu nome sem letras
numa fuga interiorizada
da loucura que tu foste
na minh’alma martirizada
JCE 08/2010
encontro ligações enredadas
nas miríades de palavras
proferidas
sem intuitos sentidos
Num quotidiano flácido
de clonadas rotinas
o futuro liberta-se em sombras
que se esfumam
sem marcas vividas
Escoando as memórias de mim
em cúbiculos amarfanhados
renego as imagens sonhadas
como pragas de inquietação
Profiro o teu nome sem letras
numa fuga interiorizada
da loucura que tu foste
na minh’alma martirizada
JCE 08/2010
MIRAGEM
Ouço ao longe
um lamento prolongado
que transporta todas as memórias
de futuros imaginados,
vislumbrados,
sem substância
nem certezas
Ouço ao longe
as palavras lançadas
com a fúria de uma tempestade
sem dó nem comiseração
penetrantes e sibilantes
como adagas de fogo gelado
Olho em frente e vejo
a serenidade
de dias que se avizinham
sem quiméricas promessas
de paraísos irreais
Ouço ao longe
uma miragem
destruída ...
JCE 07/2010
um lamento prolongado
que transporta todas as memórias
de futuros imaginados,
vislumbrados,
sem substância
nem certezas
Ouço ao longe
as palavras lançadas
com a fúria de uma tempestade
sem dó nem comiseração
penetrantes e sibilantes
como adagas de fogo gelado
Olho em frente e vejo
a serenidade
de dias que se avizinham
sem quiméricas promessas
de paraísos irreais
Ouço ao longe
uma miragem
destruída ...
JCE 07/2010
LEIO-ME NAS TUAS PALAVRAS
Leio as tuas palavras.
Absorvido nos sentidos que por lá abundam
Viajo pelo teu íntimo
Desvendado pela tua inspiração
Desnudado pela tua emoção
Leio as tuas palavras.
Escritas em tons suaves
Perfumadas pela poesia
Depositada gota a gota
No silêncio de quem te lê
Leio as tuas palavras.
Escritas pelos lábios que me sussurram
Numa canção que inventas no momento
E se espalha melodiosamente no meu ser
Qual poema bailando na tua fala
Leio as tuas palavras.
Num frenesim de memórias soltas
Numa torrente de estações passadas
Num enxerto de momentos vividos
Em doce e fugaz recordação
Leio-me nas tuas palavras
Ao falares do sentir que é teu
Transmutado num sentir que é meu
Leio-me nas tuas palavras
Com saudades do futuro que elas encerram
Na promessa de um passado por libertar
JCE 03/2010
Absorvido nos sentidos que por lá abundam
Viajo pelo teu íntimo
Desvendado pela tua inspiração
Desnudado pela tua emoção
Leio as tuas palavras.
Escritas em tons suaves
Perfumadas pela poesia
Depositada gota a gota
No silêncio de quem te lê
Leio as tuas palavras.
Escritas pelos lábios que me sussurram
Numa canção que inventas no momento
E se espalha melodiosamente no meu ser
Qual poema bailando na tua fala
Leio as tuas palavras.
Num frenesim de memórias soltas
Numa torrente de estações passadas
Num enxerto de momentos vividos
Em doce e fugaz recordação
Leio-me nas tuas palavras
Ao falares do sentir que é teu
Transmutado num sentir que é meu
Leio-me nas tuas palavras
Com saudades do futuro que elas encerram
Na promessa de um passado por libertar
JCE 03/2010
Subscrever:
Mensagens (Atom)